segunda-feira, 23 de setembro de 2013

"Quando a cena maior parece terminada, há o que vem depois..."

Comecei esse ano em uma das praias mais bonitas que já conheci. Era, praticamente, só água e areia. Foi preciso andar alguns metros pela água para conseguir estar com o corpo todo dentro. Depois da longa caminhada para chegar, fiquei lá por algumas horas, num esticar do tempo. Leveza e calmaria no coração. Submersa: essa é uma das metáforas mais importantes da minha vida. Um dia escrevi e essa frase permanece viva no meu ser: "alguém não acostumada a viver na superfície". Percorrer os caminhos da vida com profundidade. Vivência. Alçar voo para dentro de nós mesmos ao tocar os outros. Um deslocamento de si para si que se constrói na relação com o outro e que se perpetua neste também. O tempo vai deslizando e a vida vai ganhando novos desenhos a cada passo e à isso soma-se, na minha, com a experiência da morte, o aprendizado sobre a importância de seguirmos sempre leves, atentos e com amor. Tocar as coisas e se aproximar do que é vida. Pulsante. Conhecer cada contorno do ser. Estar presente. É simples e forte. Essas urgências ganham um sentindo imenso no que nos propomos a fazer. Meu peito se preenche e esvazia a cada final de semana. Há tanto que passa por aqui. É muito sopro de vida. E tantos abismos... a gente os descontrói e reconstrói todos os dias. No meu peito tem amor e uma inquietude. Tudo que nos corrói, nos transforma. Tudo que nos toca em profundeza, modifica. Às vezes meu coração mora no horizonte. Às vezes em cada pedacinho de chão. Às vezes em um abraço. E muitas vezes encontra morada em um reflexo de luz. Do parapeito dessa janela para a vida eu observo. Hoje chove e a água é corrente propulsora. É segunda-feira e, por mais raro que possa me parecer, é leve. Respiro e no vento meu coração encontra abrigo.

A vida é.

Tatiana Plens