terça-feira, 22 de maio de 2012

Coletivo Cê promove festa “Cabiru” nesse sábado

Cabiru. Rio da Coruja. Nome tupi. Promover uma festa no Espaço Cê não é só promover o encontro de artistas, músicos, agitadores culturais, professores. É ver o ambiente transvertido em poesia. É encontrar o riso das crianças, é descobrir sentidos possíveis no cotidiano do bairro de ruas estreitas e casas coladas.

É ter sem esperar. É jogar cores nas paredes, converter mato em jardim, transformar gavetas em quadros, ecoar pelas ruas e receber, em troca, uma mesa esculpida por uma mão trabalhadora. É promover uma feira de teatro de rua e ser presenteado com um pacote de balas pelo dono do mercado da última rua. É receber gratidão.

É entender que a arte não é feita só de artistas. É viver de troca. É fazer do ambiente o nosso campo de reflexões e da poesia o pano de fundo para que as pessoas que acreditam no poder transformador da arte, criem laços afetivos.

É com esse intuito que o Coletivo Cê promove a sua segunda festa no Espaço Cê, agora dentro de um projeto chamado “Cabiru”, evento que acontecerá bimestralmente no Bairro da Chave como ponto de encontro de diferentes artes.

O primeiro Cabiru acontece nesse sábado, dia 26 de maio, das 18h às 23h, e contará com apresentação das bandas Fones, Os Pontas e Pivetes, exposição da fotógrafa sorocabana Juliana Saker, esquete teatral do ator votorantinense Hércules Soares e discotecagem do músico Henrique Ravelli.

Ainda entre os artistas convidados, está o grupo Colaboração em Dança com o espetáculo “À Sombra Daqui de Casa”, que propõe reflexões sobre o ato de se estar à sombra de alguém, quando nos colocamos em segundo plano pelo desejo do outro, que em sua maioria é um exercício que se inicia em casa; fala das linhas que se juntam ao longo da vida construindo os tecidos que nos abrigam do frio, fala das relações entre homens e mulheres, de nossos imaginários, de nossas alegrias e tristezas, do modo como escolhemos lidar com todas elas.

Esse encontro faz parte das ações que o Coletivo Cê tem plantado nos escombros da antiga associação de amigos do bairro da Chave, localizada na Rua Carlos Alberto Rodrigues, s/n, na cidade de Votorantim. A utilização desse espaço permitiu que o coletivo dobrasse suas ações artísticas, com a criação dos cursos gratuitos de "iniciação teatral", "jogos lúdicos" e "capoeira" destinadas a crianças e adolescentes de 6 a 17 anos do bairro, e a promoção de eventos culturais, com o objetivo de difundir e compartilhar a experiência e o modo de trabalho do coletivo.


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Uma casa de estrelas

Retomar a desterro foi desterrar um pouco mais. Foi deixar o que precisava ser deixado. Foi transmutar dor em saudade boa, foi polir os olhos pra ver beleza de novo no que é dito. A inquietação sempre esteve presente, nosso discurso passa pelos mesmos conflitos, novos conflitos começaram a fazer parte e assim é que se reanima um processo. A estrada bota sentido em todos nós. E é na estrada que entendemos a necessidade de dizer.
 A casa...
 A casa agora nos permite ver as estrelas, e acho que não podia ter sido melhor a escolha, queremos expandir e crescer pra além das paredes, do telhado, ganhamos o mundo, abraçamos as estrelas.
 A lua agora é nossa parceira e ajuda na iluminação de nossas cenas. Somos parte do cosmos.
 Nas pequenas rachaduras, nas paredes que sobram, não vemos tijolos, vemos conchinhas...parece que a poesia foi morar com a gente na nossa casa de estrela. Nas bordas das paredes enegrecidas pelo tempo crescem flores, as que racham concreto, aqui não só resistem, mas ocupam como rainhas, majestosas, a paisagem. Uma casa que está em perfeita conjunção conosco. Que loucura esses tesouros que a gente encontra.
 Alguém na rua perguntou: Mas não derrubaram isso ainda?
 Minha resposta é que não, e nem vão. Os tesouros perduram. No caso, ela ocupa e resiste. E mesmo que venha a desaparecer nesse tempo. Marcou qualquer cantinho da memória das pessoas que estiveram conosco. Marcou uma cidade cujo som é uma mistura de domingo, missa, e os pássaros (que cantam alto e ás vezes sobrepõem o som de marasmo que sai dos alto-falantes da igreja).
 Deus, se Ele está, com certeza prefere o canto das suas criaturas, ao chiado estridente de algumas palavras mortas.
 Deixamos um pedacinho de nós em mais um encontro: Com pessoas boas e gentis, com gente emocionada, com quem precisasse comunicar ou ouvir o que nós tínhamos a dizer. Levamos saudade de tudo, o desejo de voltar, maiores e melhores, religar.
 Levamos um beijo do mar.

  Por Fernanda Brito. Imagem de Paulo Henrique Zioli

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Você Decide o que fazer com seu imposto!



1. O que é um investidor cultural?

Investidor cultural é aquela pessoa que destina parte do seu imposto de renda para projetos culturais.

2. O que é a Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura)?

A Lei Rouanet criou o PRONAC – Programa Nacional de Apoio a cultura, que tem como finalidade obter recursos para a área de cultura através de renuncia fiscal. Tanto empresas quanto pessoas físicas podem deduzir imposto através dessa lei. Nessa cartilha nós vamos tratar apenas das deduções realizadas por pessoas físicas. A Lei Rouanet é uma ótima oportunidade de definir como parte do dinheiro que você paga ao governo é utilizado.

3. Como me tornar um investidor cultural?

É muito fácil investir em cultura. Primeiro é preciso encontrar um projeto cultural que tenha sido aprovado na Lei Rouanet (lei federal de incentivo a cultura). Depois você decide quanto quer investir no projeto. Então é a hora de contatar o responsável pelo projeto e fazer o depósito na conta bancária do projeto. Lembre-se de pedir e guardar o recibo da doação. Quando você for fazer a declaração de IR basta lançar os dados do investimento cultural e você poderá abater uma parte ou a totalidade do valor investido.

4. Como saber quanto eu posso abater do IR?

Primeiro você precisa verificar em qual artigo o projeto que você escolheu está incluído. Projetos incluídos no artigo 18 permite 100% de abatimento e projetos incluídos no artigo 26 apenas 80%. Isso acontece porque o ministério da cultura privilegia o investimento em algumas áreas como literatura e artes cênicas. Outro coisa importante: você só pode abater até 6% do imposto devido. Qualquer valor acima desse teto não poderá ser abatido do IR. Entram também nesse teto doações feitas ao Fundo da criança e através da Lei de incentivo ao esporte. Veja abaixo como calcular esse valor, a seta vermelha indica quanto imposto você deve ao fisco. Use esse valor para calcular quanto você pode investir em cultura, ou seja até 6% desse valor. Na sua declaração de imposto de 2010 uma estimativa desse valor. Se você não tem os valores da sua declaração de 2010, faça uma simulação com a sua estimativa de rendimento de 2011.

Abra o programa de declaração da Receita Federal; vá em “cálculo de imposto” (em azul, com seta vermelha). Verifique o valor no campo “Imposto” (assinalado em vermelho). Você pode deduzir até 6% desse valor. No caso, até: R$ 950,52

É burocrático e complicado lançar o abatimento no IR?

Não, na verdade é bem simples. A primeira coisa que você deve fazer é fazer sua declaração de IR pelo modelo completo. Quem utiliza o modelo simplificado não pode deduzir investimentos em cultura. Após fazer sua doação você recebe o recibo de mecenato. Lembre-se de guardá-lo. Para facilitar a emissão do recibo forneça ao empreendedor cultural os seguintes dados: CPF, endereço, CEP e telefone.

Os dados que você deve guardar são os que estão marcados em vermelho: O número de PRONAC que identifica o projeto e o CPF/CNPJ do proponente do projeto. Com o recibo em mão você pode lançar a sua doação na declaração de imposto de 2011.


Como eu declaro o pagamento realizado ao projeto?

Vá no item “Pagamentos e Doações Efetuados” (seta vermelha); inclua um novo item; utilize o código 41 “Incentivo a cultura”. Coloque como nome o número de PRONAC do projeto e o CPF do proponente. Indique o valor doado e no campo “parcela não dedutível” deixe 0, pois projetos aprovados no artigo 18 permitem 100% de dedução.


Como eu vou receber o valor abatido do IR?

Você recebe o valor investido em cultura de volta na mesma data em que receber a restituição do seu IR ou for pagar o IR. A doação para projetos culturais é vantajosa tanto para quem tem imposto a pagar quanto para quem tem restituição a receber.


Vamos apoiar?