domingo, 4 de outubro de 2015

Protocolo - Bruno Dugois

27 de setembro de 2015

É chegar em casa e escrever com imensa sensação de não sei de que! Aliás, sei; sensação de vida; da vida que pulsa, que sente e que se encontrou com outras vidas. Várias vozes de várias vidas me fizeram refletir a morte além de tantas outras coisas... Ou melhor, reconhecer a morte que se faz presente em tantas situações da vida. O tempo inteiro minha voz também estava lá, fazendo relação com a minha vida... é olhar para o cenário representando a casa de uma mãe, que lembra muito minha avó... Como se não bastasse começa uma música que ela cantava. Detalhe; sei disso porque minha tia me conta muito da minha avó, porque eu mesmo não a conheci. E assim aconteceu com várias cenas, porque vi tantas outras pessoas em cena com seus discursos...
Entendo perfeitamente a Fernanda, que se pergunta se está num caminho correto, se é isso mesmo, pois já perdi as contas de quantas vezes também me questionei e pensei “Eu não sei o que fazer”. Será que a vida nos faz, ou nós fazemos a vida? Questão de escolha! O fato é que a morte, seja ela de tamanhos ou importâncias diferentes, está pronta para entrar em ação, e quem é vivo precisa de uma coisa chamada coragem para enfrentá-la.
Confesso que já tem um bom tempo que não assisto um espetáculo com tanto bom gosto. Cada detalhe trabalhosamente pensado; um camarim, uma casa, um céu, um guarda-roupas que guarda memórias no mesmo espaço... Nunca pensei que um conjunto de coisas simples, resultaria em uma ornamentação que se torna grandiosa. E a riqueza está nas várias emoções despertadas ao longo da apresentação porque é tudo muito bonito. É tudo muito completo.
Talvez eu precisasse de mais tempo para digerir, mas era urgente minha ânsia de colocar aqui um pouco do que percebi. Vai que a morte me visite de alguma forma e eu não registre nada... não quero correr o risco. A verdade é que ver a verdade (ainda que morta) faz diferença. A comunhão faz a diferença, assim como o riso e o choro compartilhados juntamente com a poesia das palavras, do som, do movimento e do olhar... Olhar que também me fez enxergar o que é morrer... em vida...

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