segunda-feira, 20 de junho de 2011

Olha, meu amor, eu estou voltando...



Homem simples, pequeno, chapéu na cabeça, camisa xadrez e um lenço vistoso preso com a figura de um boi. Era um dia importante. Nos abraçou com carinho e já começou a tirar as histórias do bolso - o quanto é mentira ou verdade não sabemos, mas pouco importa. Nosso eterno contador de histórias nos encheu de encantamentos. Só essa imagem já me arrancava lágrimas dos olhos.

Pisar novamente no Sítio Santo Antônio em São Roque foi como tocar a pele da memória recente, mas já gasta. Foi pra ter certeza de que o tempo conseguia carregar aquele carinho nos braços por muito tempo. Foi também pra saber que a saudade e o vazio que nos atingiu depois de deixar aquele sítio no início do ano não foi sentido somente por nós. Bonito ouvir como as canções estavam de certa forma fincadas naquele lugar e como nós conseguimos modificar e reavivar aquela paisagem para quem convive com ela todos os dias. Só ouvir isso já nos fez sentir que estamos no caminho certo. Tão belo o abraço e a felicidade da Rosa em nos encontrar. Tão bonito nos depararmos com os detalhes que ela constrói e perceber como tudo que ela faz é cheio de cuidado e amor. Tão belo o presente que eles nos deram e nem sabem. Dessa vez foi a vez deles de nos carregar pela infância, pelas festas vistosas que há tempos não víamos, de nos encher o coração de luz em uma noite tão fria.

"O mundo era um pedaço complicado para o menino que viera da roça. Não vi nenhuma coisa mais bonita na cidade do que um passarinho. Vi que tudo o que o homem fabrica vira sucata: bicicleta, avião, automóvel. Só o que não vira sucata é ave, árvore, rã, pedra. Até nave espacial vira sucata. Agora eu penso uma garça branca de brejo ser mais linda que uma nave espacial." (Manoel de Barros)

Tatiana Plens

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