domingo, 23 de janeiro de 2011

Projeto Luz Às Memórias

Coordenação: Tatiana Plens
O Projeto Luz Às Memórias é uma proposta do Coletivo Cê para o “Processo Desterro – Investigação e Preservação da Memória” de incorporar a fotografia à sua pesquisa de linguagem. Pretende-se por meio dele tanto enriquecer a documentação fotográfica do espetáculo Desterro, como também incentivar a busca por uma fotografia que vá além do puro registro de imagens e alimente uma relação mais subjetiva com a imagem.
A ideia de incorporá-lo justamente ao Desterro se deve a forte reação que este provoca na memória afetiva do público, aspecto percebido pelos depoimentos colhidos na primeira temporada de apresentações em Sorocaba entre fevereiro e abril de 2010. Acrescenta-se ainda o fato do espetáculo ter sido construído a partir de recordações compartilhadas e do resgate das origens dos atores. Outro aspecto que torna a proposta mais rica é o uso de espaços tombados como patrimônio histórico pelo coletivo para suas apresentações. O espetáculo busca se relacionar com esses espaços e trazer novos sentidos a estes.
Para auxiliar no Luz Às Memórias, resgatamos os conceitos do autor Roland Barthes sobre fotografia no seu livro “A Câmara Clara”. Barthes analisa algumas imagens por meio de dois elementos que ele nomeia como studium e punctum. O primeiro tem familiaridade com a nossa bagagem cultural, com o nosso saber, é o por meio dele que nos interessamos por uma fotografia, por nos remeter a alguma informação clássica, a um contexto histórico, social. O segundo é diferente, não é algo que se busca em uma fotografia como o primeiro, é algo que salta aos olhos. Como diz Barthes “é ele que parte da cena, como uma flecha, e vem me transpassar”. O autor assemelha o punctum a uma ferida, é aquilo que nos punge, são pontos sensíveis que nos fazem admirar uma imagem assim que nossos olhos se encontram com ela. “O punctum de uma foto é esse acaso que, nela, me punge (mas também me mortifica, me fere).”
No livro “A Câmara Clara” uma das únicas imagens em que Barthes consegue encontrar esse punctum é uma foto de sua mãe. Ele dizia que nessa imagem flutuava algo que era como “a essência da fotografia”. Barthes dizia ainda que essa imagem não seria nada para os leitores, só nele provocava uma ferida.
Dentro do Projeto Luz Às Memórias o que nos interessa é justamente esse punctum, o elemento que salta aos nossos olhos, que nos relaciona com a nossa memória afetiva. É esse elemento que pretendemos criar e isso é possível somente com a observação sensível do espetáculo, incorporando a ele e as imagens a nossa subjetividade.
O projeto envolve algumas fases: a discussão anterior acerca do texto do livro “A Câmara Clara” e a contextualização dos fotógrafos sobre o espetáculo Desterro, a produção de fotografias e uma exposição com data ainda a definir.
Para os interessados é só entrar em contato por email com Tatiana Plens, coordenadora do projeto: tati.plens@hotmail.com

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